sexta-feira, 26 de setembro de 2008
O fim do consumismo.
Seu desejo é andar, mas faziam anos que suas pernas rechonchudas não o erguiam mais, na verdade, fazia tanto tempo que você nem lembrava mais como era andar, muito menos correr; cada perna pesando 60Kg, e as veias entupidas de pus e gordura, seu corpo não passava de carcaça mantida viva apenas pelos cuidados alheios.
Com algum esforço você ouve murmúrios do lado de fora do quarto, e observa uma sombra chegando mais perto, e então no vão da porta você vê uma silhueta, irreconhecível a princípio, mas assim que o ser deu dois passos a frente você o reconheceu como Ronald Mcdonald, e nesse mesmo instante Ronald saca uma faca, você aperta o botão que por anos usou para chamar as enfermeiras para limpar sua bunda, já que você não a alcançava.
Ronald então sobe na sua cama, com um olhar calmo, como se isso fosse tarefa cotidiana, você se desespera, tenta berrar, mas apenas gemidos e grunhidos saem do tubo em sua boca, com os olhos arregalados de puro pavor você procura pelos seguranças na porta, eles estão lá, mas tudo que eles fazem é fechar a porta, tornando o quaro ainda mais escuro.
O desespero toma conta, e você tenta, em vão, se livrar do palhaço que está sobre você, mas suas pernas não obedecem, apenas a banha se meche como gelatina, você sente Ronald se aproximando, e tudo que você consegue fazer para salvar sua vida é chorar e balançar a cabeça, e então lentamente a faca entra em seu coração enquanto você respira cada vez mais rápida e brevemente, Ronald aproxima-se e apenas sussurra "Shhh, Shhhhh, Shhhh, já vai passar", e por falta de forças, sua respiração vai diminuido, até que som algum emane de seu corpo, e seu olhar fique vidrado em algum ponto no teto do quarto.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
"M" de "Fudeu!"
MUNDO MODERNO
Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio - maior maldade mundial.
Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matungo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.
Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, marafonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas. Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, Mercedes, motorista, mãos... Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meia-água, menos, marquise.
Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda.
Chico Anysio
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Ode à desordem
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Uma viagem do baralho - Parte I
Era o último dos dias de aulas noturnas naquela semana. A aura de expectativa pairava sobre dezenas de jovens mentes que adoram se auto-pronunciar "criativas". Tolos esperançosos, digo eu. O conteúdo acadêmico daquela sexta-feira marcante seria ignorado com louvor em prol de um bem maior: o clássico devaneio etílico disfarçado de capacitação profissional. Interesses em comum ocupariam o mesmo teto sob rodas dentro de alguns instantes. Publicitários ébrios e inconseqüentes fariam da BR-101 a sua festividade máxima daquele já finado semestre.
Pouco faltava para a partida do ônibus e os preparativos tinham que ser agilizados. Deslocamo-nos à drogaria mais próxima a fim de comprar a salvação de muitos boêmios descontrolados: o engov. Ao retornar, assentamo-nos em nossos lugares e observamos, de cima, casais apaixonados se despedindo, onde as partes que não embarcariam na cruzada clamavam por fidelidade. Partimos.
Ainda dentro dos limites geográficos de nossa cidade, abrimos garrafas do melhor vinho a cinco reais já criado, cultivado em campos largos na região sulina da nossa terra brasilis. Compartilhamos (ou tentamos compartilhar, não me recordo ao momento) alguns copos com algumas das donzelas simpatizantes que se encontravam próximas a nós. Degustamos e regozijamos com louvor o elixir sagrado de Baco, sentindo em poucos minutos o efeito inebriante como conseqüência. A ignição havia sido ativada, não havia mais retorno.
Conversas ainda comportadas, porém divertidas, eram a ordem no momento. Triálogos - e porque não quadriálogos ou pentálogos - sobre o injusto e falso mundo da publicidade e outros assuntos hoje dispensáveis fizeram a pauta por diversos minutos. Até que, uma parada em uma metrópole mudou totalmente o curso da viagem. Alguns dos viajantes carregavam em compartimentos secretos uma planta que fez parte de diversas civilizações antigas e proeminentes (não fosse a falácia física e brutal de colonizadores europeus). Hoje em dia, tal artifício para sair da realidade é marginalizado pela grande mídia, e até com um pouco de razão. O problema é que isso é mero interesse corporativo, mas não vem ao caso. Ao descermos do ônibus para saciar a nossa necessidade estomacal, tal iguaria foi consumida por diversos integrantes da expedição, resultando em insanidade instantânea.
Toneladas de tetraidrocanabinol haviam sido inaladas pelas jovens mentes de classe média. Risadas e momentos de descontração involuntários ocorriam simultaneamente com vários estudantes. O ônibus havia partido e todos lá estavam, aproveitando o máximo daquela ida inconseqüente. Rodas de improviso musical aconteciam, com ênfase no estilo afro-americano de rimas, e mesmo quem não detinha talento e experiência o suficiente para tal atividade participou com louvor. O tempo foi passando, porém não o efeito amortecedor das substâncias consumidas. Alguns dos usuários, por vezes, criavam momentos acidentais de discórdia, fazendo brincadeiras socialmente inaceitáveis para alguns dos viajantes, resultando em desavenças públicas e, como relatado, agressões físicas. É de conhecimento geral da trupe mochileira de que um dos indivíduos lesionou a testa de outrem devido a brincadeiras de cunho sexual. A brincadeira em questão não denotava intenções carnais, porém tal fato não foi compreendido pela vítima da peraltice. Professores se incubiram de apaziguar o ambiente e após alguns momentos tudo se demonstrava normalizado.
Aquele que proferiu brincadeiras sexuais acabou por exagerar na ingestão de bebidas alcoólicas, dando o popularmente chamado "PT". E não, amigos, não estamos falando do amado e odiado Partido dos Trabalhados, mas sim da "Perda total", onde alguém desaba em sua própria infelicidade física e despeja os resquícios nojentos de sua última janta no chão do ônibus em movimento. Porém aqui o problema era mais grave. O "perdido total" exauriu todo o conteúdo estomacal em sua própria indumentária, causando asco a todos os cidadãos de bem que circundavam o pobre rapaz. A noite havia acabado, pelo menos para ele.
Ao chegar a maior metrópole deste nosso estimado país, o "perdido" acordou com duas desagradáveis surpresas: além de perceber vômito fresco em sua única blusa, viu que o infeliz que o havia socado no meio da madrugada hibernava no acento ao seu lado. Não fosse o engov, o "perdido" chafurdaria em sua infeliz inconseqüência, porém graças à medicina milagrosa, ele saltitou vomitado e feliz em meio à sociedade estudantil publicitária de São Paulo, com as mais belas garotas o olhando e com professores reprovando tal atitude.
Era o início de um belíssimo final de semana.
Incubo o outro integrante deste blog a escrever a segunda parte desta viagem. Ou, quem sabe, um outro olhar sobre os acontecimentos acima.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Decisões
Faziam 6 anos que ele e Camila tiveram um filho, Hugo, em homenagem ao avô de Thiago, Hugo não fora previsto nem calculado, mas até o sexto mês o casal já amava o pequenino, e tinham certeza de que todos os problemas seriam resolvidos.
A primeira impressão Hugo nascera perfeito, porém os médicos constataram um doença cerebral incomum, que poderia causar disturbios psicológicos no futuro, e então desde os primeiros dias Hugo fora submetido a diversos tratamentos caríssimos, devido a raridade da doença, e traumaticos para a familia, pois os ataques era fulminates, com apenas 2 anos Hugo, enquanto afetado pelos ataques, hurrava feito um homem completo, ensandecido pela fúria e loucura, enquanto causava males a tudo e a todos que cruzavam seu caminho, Perry, o cachorro de Thiago, teve de ser sacrificado, pois sofria muito desde que Hugo, em um de seus ataques escalpelara partes do cão, deixando-o em carne viva.
Mas depois de anos de tratamento Hugo já era uma criança normal, e a isso Thiago agradecia a Deus todos os dias, e, depois de uma semana viajando a negócios, tudo que ele queria era voltar ao lar.
Hugo após terminar seu copo de leite com negresco anunciou:
- Mãe, quero fazer cocô.
Ao que Camila, com um olhar angelical disse:
- Vem.
Hugo, que sabia o que era bom da vida, recuou três passos e retrucou:
- Só se for na casa do pedrinho!
Camila, incrédula levantou a voz
- QUÊ? Tu vai fazer aonde der, não posso te levar na vizinha para fazer cocô!!
-Mas mãe só faço se for lá
-Então segura para sempre, porque no pedrinho cagar você não vai, e ponto final.
Hugo, revoltado arriou as calças e cagou ali mesmo, na sala de TV, em cima do tapete de pelos, decoração que Thiago mais amava, Camila não pensou duas vezes, e espancou Hugo aos brados:
- Quem você pensa que é pra decidir aonde cagar moleque? Tudo que é dos outros é melhor não é? Mas eu vou te ensinar a dar valor para as coisas da Família, você vai ver!!!
E não parou de bater, mesmo quando Hugo implorava, chorando e sangrando.
Só parou quando a mão de 6 anos de idade segurou o braço dela, e voz que veio de Hugo já não era mais afável.
"SUA PUTA ESCROTA, EU CAGO AONDE EU QUISER E QUANDO EU QUISER, VADIA DO CARALHO VOU COMER TEU CÚ ENQUANTO TU CHORA"
E pulou para cima da mãe, que desequilibrou-se e caiu, para glória de Hugo, que socava a mãe com gosto, e quando as mãos começaram a doer, começou a espremer os olhos da mãe para dentro do cranio, e Camila urrava de dor e desespero, pedindo ajuda de Deus, Cristo, Maria e José, mas nenhum deles veio, havia apenas a dor.
E o barulho ovos quebrando soou, quando os olhos de Camila finalmente cederam a força da pressão de Hugo, que saboreou o sangue que jorrou em seu rosto, a mãe estava inerte agora, e ele pegou suas fezes e esfregou no rosto da mulher no chão.
"cago onde quiser, vadia."
Thiago sorriu ao ver a esquina que tanto conhecia, ali era seu lar, e lá dentro encontraria sua família feliz.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Fiéis infiéis
Num súbito nervosismo, Padre Jorge serviu-se do Sangue de Cristo meia hora antes do previsto. Os coroinhas entreolharam-se como se soubessem de algo pecaminoso e libidinoso. Sem hesitar, o vinho que antes seria destinado a devoções católicas agora era material de consumo imediato do religioso, ignorando todos os preceitos sugeridos pela Bíblia Sagrada. O globo ocular do cidadão de Deus se encontrava rubro como o vinho recém ingerido, e em seguida Jorge se estapela no chão do altar, derrubando o Sangue do Filho de Deus nos fiéis mais próximos.
Padre Jorge aparenta estar morto. A multidão entra em desespero, abandonados à espera de um feito divino. Seu corpo, de bruços na escada do altar, recebia a iluminação dos vitrais da igreja, resultando numa imagem quase angelical, não fosse o corpo azulado e putrefato de Jorge. Um fiél, ao virar o corpo do sacerdote, constatou algo no mínimo inquietante: debaixo da batina, um cinturão de garrafas das bebidas alcóolicas mais caras e exóticas, além de cinturões de drogas ilícitas. Neste momento um dos coroinhas, também com os olhos vermelhos, corre em direção ao padre e clama por sua vida com tamanha devoção que causou silêncio no recinto.
O garoto retira alguns dos itens secretos do Padre, enquanto observado pelos populares e se dirige ao altar, em prantos. A multidão, atônita, observa em silêncio o infante bradar ao além: "HEREGES! SUCUMBAM ÀS SUAS HIPOCRISIAS! MALDITOS SEJAM!". O garoto bebe um gole do líquido verde de uma das garrafas do Padre, onde vários deduziram ser um fortíssimo licor de absinto. Começou a se despir, pegou a Bíblia mais próxima e, com uma ereção invejável, leu trechos em uma pronúncia irreconhecível. As religiosas senhoras não sabiam como reagir: o garoto sempre fora um exemplo de pessoa, respeitável em todos os seus aspectos. Educado, simples e atencioso.
Despejou uma carreira de cocaína em uma cruz próxima e inalou com força e quantidade o suficiente para lhe causar uma overdose instantânea. Resistiu. Despejou o restante das bebidas em seu corpo nu e também na Bíblia que segurava, caminhando em direção ao candelabro que se situava dois níveis acima. Ateou fogo em seu próprio corpo, segurando o livro sagrado enxarcado pela bebida, enquanto urrava de dor e lia uma passagem específica. Carbonizou bêbado e drogado.
Constatou-se, alguns minutos depois, que o Padre morreu ejaculado e ereto. Os fiéis nunca mais dormiram tranquilamente após o acontecido.
"Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos" Filipenses 4:4
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Himlod, O Supremo.
A batalha fora rápida, Himlod passou todo o ano anterior mandando menssagens de paz e presentes, para que os líderes das tribos rivais baixassem a guarda. Funcionou.
Dos 50 homens de Himlod apenas 3 morreram, com flechas no rosto, parte menos protegida pelas armaduras, uma pena, mas Himlod sabia que cada homem era substituível.
Himlod mandou matar os homens e velhos na frente das mulheres e crianças, que suplicavam por misericórdia, apenas para maior prazer de Himlod e seus homens, que em vez de simplesmente decapitarem, ainda torturavam alguns, de preferência os que mais gritavam.
Amarraram as crianças nos cavalos, e refestelaram-se com as mulheres, bebidas e alimentos da tribo, Himlod espancou a mulher que estuprou durante o ato, e então, enquanto ela tossia seu próprio sangue e dentes, Himlod deu o toque de retirada, as mulheres ficaram para trás.
Os homens apostaram em quais crianças sobreviveriam a marcha forçada amarrados aos cavalos. Apenas uma estava respirando no fim do primeiro dia, e foi aclamado como novo membro da tribo, e adotado por Fakhir, um dos homens de confiança de Himlod, no começo seria difícil domar o pequenino, mas ele seria dobrado.
4 dias depois a tropa de guerreiros chegou à aldeia, Himlod foi direto a sua morada, onde encontrou sua esposa e filhos. Havia garantido mais um ano de prosperidade à sua tribo. Mas ele queria mais. Bebeu até o amanhecer.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Ali, nos Botequins das Maravilhas
Confesso que esse meu olho esquerdo encontra-se um tanto rígido, quase sólido, eu diria. A parafernalha tecnológica sempre me deu um pouco de brotoeja, mas meu
desempenho, em contrapartida, têm sido satisfatório. Não estou aqui, entretanto, para discutir o desgaste a mim impelido por longos anos de batalha. Na verdade, e deleitando-me com um bom cigarro aromatizado pelas doçuras míticas das cerejas, vou relembrar uma aventura atemporal. Aqui, oculto por estas caixas velhas e com odor explícito de oxidação, pretendo sorrir como a tempos o dever não permite, muito sutilmente, lógico, afinal, não desejo que ratos uniformizados me sigam como uma pobre raposa, ou, por assim dizer, como as águias caçam as cobras.
O jovem sentia-se deprimido naqueles últimos dias de trabalho. Sabia que o abismo do "por quê?" continuaria a assolar seus humildes e sinceros pensamentos hedonistas. Era preciso ganhar dinheiro para que o ritual sagrado de todas as sextas-feiras pudesse se repetir. A mística confraternização, pois, só era necessária porque era preciso trabalhar. Curioso, não? Ao fim daqueles três meses de um tédio pulsante que a cada dia se agigantava frente às perspectivas vazias da mente sem referências, a iminência
do fim, era prazerosa, muito prazerosa. Não obstante, quanto mais sofrimento, mais oportunos os rituais se tornavam.
Eis que, na última noite de devaneios digitais corporativos, eu me encontrei com
uma pomposa e promíscua quantidade de cédulas em minha mão esquerda, já que com a direita, apertava a mão de meu ex-chefe, uma criatura sisuda, que certamente não desejava ver aquele prodígio da pró-atividade nas próximas cinco aparições do Messias.
Saí num galope furioso, uma fúria de contentamento, que me levou ao encontro dos antigos espíritos da fanfarra, e dessa maneira, fanfarrarmo-no-íamos com toda a graça de um gambá.
O circuito foi demasiadamente intenso, e a zona sul da cidade não foi mais que um receptáculo do descontrole e da sedução pasteurizada. Primeiro, o covil do João: cerveja barata, homens fétidos, e uma sensação agradabilíssima de que absolutamente tudo ia acabar muito mal. De repente, lembrei-me: havia algo potente em meu bolso, uma luxuria modesta, se é que isso existe. Ali se encontravam algumas pílulas responsáveis por emitir pulsos biocibernéticos de conversão bipolar aguda, o frenesí
adolescente usado por Morpheus como o caminho para a libertação mecânica de Matrix.
Tomei. Tomamos. Meus companheiros de aventura sentiram-se obrigados a experimentar tal sensação de androgenia plástica proporcionada pelo condensado de esforços farmacêuticos. A droga não surtiu efeito algum, e na derradeira loucura pela viagem astral, consumimos toda a cartela de Benflogin. Mais uma caminhada rumo ao extremo, nos dirigimos ao aconchegante Amada, o Amadeu que todos conhecem pela receptiva placa onde jaz um peixe morto, daqueles de desenhos do Pica-Pau. Lá a extravagância de mentes insanas foi recompensada com louvores ébrios que cometiam atrocidades etílicas , tal como nós.
Eu tornei-me um músico de praças distantes, sério. E desculpando-me com a alegre plateia, novamente, por estar sofrendo de Insuficiência Sóbria, eu disse que não iria cantar, ora, pois não lembrava das letras. E assim meus amigos, músicos de fato, resolveram escancarar os ouvidos de todos os párocos com melodias de outrora, e de outrem. Refestelamo-nos com as bebidas que chegavam à mesa como gesto de gratidão plena, e de cortejo. Por fim, o momento crucial daquela noite, por pouco, inenarrável: era hora de retornamos ao lar, mas eu não me encontrava em condições de pronunciar uma palavra monossílaba, quiçá, adentrar meu lar sem consequências absurdas e a possibilidade da eterna hemodiálise. Os bravos guerreiros que me acompanhavam travaram uma pequena batalha com a gravidade, afim de me carregar nos ombros, já anestesiados pelo suco da vitória efêmera.
Conseguiram, todos, chegar aos portões da grande fortaleza trentina: a casa de minha família. O grande obstáculo: o portão. Com as mãos a tirar coisa alguma dos bolsos, exceto por alguns fiapos e facas, revelei a triste verdade aos meus amigos: perdi minha chave...
Na face dos heróis, medo, e também uma leve ira contra este que lhes fala. Pulamos o muro com a tenacidade que a juventude nos presenteara, e assim, metros depois, a barreira era mais compacta, mas não menos intransponível. Tínhamos a porta de madeira logo ali. Senti um anjo descer. O baque foi tão grande a ponto de me fazer imaginar que o coitado se encontrava disposto a nos ajudar a carregar aquele fardo, e se aproximava com delicadeza para nos ajudar. Pobre criatura celestial, de certo que esbarrou numa nuvem carregada de pestilências hostis com sabor de álcool. E sobre mim desabou. Foi assim que lembrei que em minha calça havia dois bolsos, e não apenas um, viva! Tirei a chave do bolso, e a mostrei pra meus comparsas. A expressão dos bravos homens foi impagável.
Bem, só lembro de alguns vultos correndo pelos "corredores" moribundos de minha morada, falavam alto, e a ansiedade pairava no ar. Deitaram-me. Levantei. Queria mais. Obrigaram-me a deitar. Por fim, criaturas furtivas pulando minha janela a meu pedido, para que o barulho não deturpasse o sono de meus consanguíneos, em seguida, levantei-me para fechar o portão. Me despedi dos amigos que me olhavam como cães, famintos por vingança, olham uma lebre serelepe. Não entendi o porquê, eu não havia feito nada de mais. E assim, uns dois dias depois, voltamos a nos reunir para celebrar a inconsequência. A água imperou.
sábado, 2 de agosto de 2008
Palavras de equilíbrio
Venho a este diário do devaneio etílico como a parte equilibrada. Como o indivíduo desconcertado e envergonhado com as atitudes alheias. O responsável pelo transporte seguro das mentes afetadas pelo néctar mágico do choppinho e dos destilados.
Creio que das histórias alcoólicas, minha parte seja apenas uma mera presença, ou apenas a leve ausência de bom senso na hora de medir as palavras e a reação que podem causar aos indivíduos nos arredores da mesa (cujo tema é digno de ser discorrido em monografia ou tese de doutorado) ou do outro lado da rua, durante as caminhadas em busca de satisfação para a ânsia por agito.
Mas se você, caro amigo e leitor acha que as noites - ou mesmo dias inteiros, dependendo da época do ano - são menos divertidas devido à ausência do fluxo etílico no sangue, estás terrivelmente equivocado. Creio que eu seja uma exceção à regra, mas minha diversão está na observação e nota mental das pérolas que surgem a cada jornada em busca de diversão.
Carregar o amigo seguidos lances de escada acima, enquanto ele se joga para trás, deixando sua calça cair múltiplas vezes no percurso, ter alguém chorando em seu ombro por alianças perdidas e a possibilidade de um relacionamento acabado, até mesmo observar o amigo cochilar em posição fetal num sofá de uma festa em outra cidade, ou assistir à missa rezada por um companheiro ébrio na saída da boate. A diversão acompanha em vários momentos épicos de cada bebedeira, mesmo que não haja álcool circulando nas veias.
Por tais motivos que digo: Não se acanhe por não beber, camarada. Deixe o bom senso um pouquinho de lado, aponte o dedo indicador para o bêbado do grupo e ria, pois assim você pode dizer que a noite valeu à pena.
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Somos o Neo-Crescente Fértil do discurso Ébrio!
Alvorada voraz, uma perpétua e contundente aurora que traz o aroma de dias mais felizes. É assim que, da mais alta torre de nosso império etílico, eu imagino ver um mundo, onde Dionísio esteja presente em todos os partos, de cada dia abençoado.
Através desse devaneio febril, eu congestiono minha mente com a esperança de que nossa missão seja um sucesso estarrecedor. E digo isso, motivado pelo que tenho lido. Meus comparças repugnantes me supreendem com impagáveis incursões pelo léxico dos boêmios e fanfarrões mais aplicados. A campanha é um fato, e já somos vitoriosos, pois é graças a exemplos como o nosso que, a cada dia, cientistas japoneses deixam de dormir mais, em virtude de pesquisas hepáticas que posterguem nossa caminhada rumo ao oceano do prazer.
Me sinto um mestre na milenar arte de pedir desculpas pela ausência, mas por vezes, estou no campo de batalha, acompanhado por estes antológicos heróis que lisonjeio através desta humilde transcrição de pensamentos.
Em suma, somos ácidos, verídicos, profanos em alguns momentos, perversos, afiados, maiêuticos e descompromissados com a ilusão do real. Em nossas veias correm as mesmas substâncias que permitem, aos coelhos, copularem com incessante velocidade, e da mesma maneira, as que existem nos suínos, que gozam por cerca de trinta minutos. Nós queremos viver, o intenso, o inédito, o absurdo, pois a loucura é a primeira sensação dos bebês quando ao abandonar a serena e meticulosa placenta, caem nesse mundo horroso que, nós, traumatizados pelo mesmo impacto, construímos num ciclo extravagante e bizarro de auto-flagelação.
Trabalho? Caralho! Comprando a minha passagem pro além, tudo bem. Vamos companheiros, a coluna vertebral de nossa máquina se fortalece a cada dia. Os babuínos foram vencidos e os dromedários debandaram, o terreno é nosso.
Esse é o meu beijo na boca com mão na bunda, púbis com púbis, e lubrificação espontânea para as próximas aventuras. E não serão poucas, até.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Discrepâncias ideológicas e secreções matinais.
Apenas vomito. Vomito e vomito.
O cheiro da comida misturada com secreções estomacais me excita.
A cada anseio, uma ereção. Uma nova forma de gozar.
E o gozo com o vômito, como seria?
Ingerir talvez seja uma boa idéia. O odor peculiar do sêmem junto com o do vômito deve ser abismal de tão delicioso. Estupefante.
Faço isso. Adoro. Sensações únicas, provenientes do meu próprio espírito.
Como não tive tal idéia antes? Eu, em meus quarenta anos, descobri que nunca vivi.
Minha vida começa agora. A bebedeira, o esperma, o vômito.
Agraciado ficarei pelos próximos decêmios.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Desvios de conduta.
A perspicácia de um ser ébrio é de uma particularidade ímpar. Nos momentos influenciados pelo líquido dos deuses, a criatura que em outras situações se mostra introvertida e digna de esquecimento social consegue atingir níveis estratosféricos de percepção e destaque. Como uma bela borboleta anil e preta, o sujeito alcoolizado atrai olhares dos espectadores, sejam de admiração ou incredulidade. Comportamentos inapropriados podem fazer parte do pacote alcoólico, mas isto é algo que varia de pessoa para pessoa e também depende do teor destrutivo do produto ingerido. "Todo homem vira porco quando bebe", dizem as horrorizadas garotas que se vêem em maus lençóis quando abordadas por boêmios gatunos, que visam apenas o descompromisso carnal e leviano com as pobres donzelas. O fato é que o ser humano, em especial o homem, fica mais suscetível a inconsequências desapropriadas, causando embaraço a muitos.
Deveria haver um pacto entre a humanidade: relevar certas atitudes quando sob o efeito da nossa querida cachaça. Xingou o amor de sua vida de meretriz ao vê-la nos braços de alguém visivelmente melhor que você? Externalizou dejetos alimentícios que há pouco se encontravam em seu aparelho digestivo bem no carpete do carro de seu compatriota? Perdeu o passaporte daquele seu familiar que vai viajar dentro de três horas? Em uma sociedade ideal as pessoas deveriam olhar para você e esboçar um sorriso, seguido das palavras: "não se preocupe, fulano. Você estava bêbado. Relevarei o acontecido com compaixão. Vamos tomar uma cerveja?" Mas não. O escárnio é evidente no semblante dos atingidos pelas peripécias etílicas de outrem. A não compreensão das atitudes ébrias leva os alcoolicistas - neologismo neologizado por mim neste exato momento para definir os praticantes da bebedeira casual, mas que não se enquadram como "alcoólatras" - a sentirem um fenônemo desconfortável, cuja cura pode ser dolorosa, dependendo do caso em questão: a ressaca moral. Muito mais efetiva do que a ressaca física, a dor da perda de controle pode perdurar por semanas. Mas eu não creio que isto seja culpa do alcoolicista e sim da população sóbria. Só que isto é assunto a ser discorrido com mais afinco em outra oportunidade.
Outro fator, que é certamente um dos mais interessantes na birita, é o índice George Clooney. Após alguns copos ou doses, even the most shy guy in the world can manage to talk and maybe seduce women. It's amazing how different things can be after a shot of Jägermeister or tequila. O que antes aparentava ser uma jornada tão árdua quanto destruir o Um Anel nos vulcões de Mordor, now it's easy as crossing the shire. By car. As barreiras invisíveis que nos impedem de colocar em ação a caça desenfreada de tigresas noturnas são demolidas de forma espetacular e, quiçá, histórica. O muro de Berlim nada significa perto de momentos como estes. As palavras fluem como nunca e a inibição acumulada a anos some como o Yoda durante a sua morte, nO Retorno de Jedi. Caso o emissor da mensagem em questão tenha o bom senso de não proferir termos inapropriados, ele já pode se considerar como uma versão beta do nosso camarada Clooney. É partir para o abate. Mas claro que a moderação é essencial. Não digo que o sujeito deva se restringir feito uma boneca virgem, mas o uso exacerbado e descontrolado do álcool pode dar uma bela dor de cabeça no dia seguinte, só que muito pior que a ressaca física e moral. Né, camarada da imagem abaixo?
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Memoirs of a drunk.
Adentrou o recinto sem pestanejar. Tirou o pesado casaco de pele de carneiro, oriundo de algum lugar interiorano da Europa. Jogou-o em seu encosto de carvalho, raríssimo por aquelas bandas. A sala de estar se encontrava escura e com odores típicos de abandono. O breu tomava conta não apenas da locação mas também do espírito do pobre homem, machucado pelo tempo e por suas inconsequências. Buscou o mais antigo dos vinhos a seu alcance, dirigiu-se até a prateleira e retirou um exemplar de "Civilizações de outrora XIV - As nuances do Império Romano", de Bartholomeu Dias. Abriu em uma página aleatória e se deparou com uma passagem intrigante e, porque não, instigante. "Para celebrar suas vitórias e afugentar maus pensamentos, os guerreiros, como em rituais mais antigos que suas próprias existências, esbaldavam-se em rios de vinhos e outras bebidas, praticando as mais execráveis atitudes."
Lembrou-se de casa. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto gélido e imperfeito. Os bons tempos haviam se esvaído e nada existia além de lembranças superficiais. Seus melhores momentos eram esquecidos no dia seguinte, consequência das doses colossais de líquidos etílicos ingeridos. Em sua mente estava o dia em que fez oferendas a Baco em frente a toda a sociedade noturna de seu distrito. O consumismo exacerbado da época permitia encontrar litros e mais litros do doce suco dionisiano a cada esquina e a preços módicos. O rapaz e seu companheiro de aventuras não hesitaram em adquirir algumas unidades do mel infernal. Regozijaram como nunca haviam regozijado antes. A incontrolável loucura era a consequência da inconsequência, e após poucos minutos estavam fora de si. Degustando do bom e barato vinho, lá estavam eles, confabulando em uma ruela próxima de um centro festivo - este repleto de transeuntes dos mais belos, exibindo com ostentação suas belas vestimentas e posses veiculares -, onde sentados em um meio fio, bradavam canções típicas de seu tempo, assim como fizeram os trovadores em tempos passados. A canção entoada dizia algo mais ou menos assim:
"Você é meu amor,
te quero de novo.
Te ensino a fricotar
fricote do povo.
Eu vou te lambuzar
de água de côco.
Com bumba di bum bum (?)
fricote do povo."
E após muito rirem e se libertarem das correntes cruéis do cotidiano, se dirigiram à supracitada festividade. Eram dois gallimimus em meio a tantos predadores sedentos por feromônio. Dois inexpressivos etilizados no meio dos elitizados. A falta de comportamento senil de ambos era evidente e causava asco aos cheirosinhos frequentadores da casa noturna cujo nome representa o esplendor residencial desejado por muitos. A Mansão em questão naquela noite foi palco de atrocidades inexplicáveis como por exemplo a simulação de uma batalha intergalática de espadas e até confrontos corpo a corpo com cidadãos anglo-saxões. Ao fim da noite vidas quase foram perdidas e o que havia restado era a alegria de se viver e uma bela ressaca.
E o rapaz secou a lágrima e esboçou um leve sorriso com o canto da boca. Fechou o livro, terminou o seu vinho em dois goles, vestiu o seu casaco e saiu pela neve, com a expectativa de voltar para o seu lar o quanto antes, e assim dar continuidade às suas epopéias etílicas. Assim o fez.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Atenção, Pelotão: apresentar Copos!
Não foi, em momento algum, uma tarefa simples. Invadir os portões das indescritíveis fortalezas responsáveis por transmitir ondas saturadas de conteúdo audiovisual banal. E é no gozo de minha vitória que venho invadir sua cognição, e tentar, pois, seduzi-los.
No início foram apenas alguns arames farpados, no entanto, após subjugar as primeiras barreiras físicas que se entrepunham face ao meu destino, tive pavor. Os canhões de luzes me perseguiram implacavelmente, não obstante, disfarcei-me de leguminosa. De imediato, confundi os sentidos cibernéticos e pulsantes daquela grandiosa estrutura maquiavélica, cujo fundamental objetivo é a inércia civil. A retaliação, entretanto, foi esmagadora. Num instante, me vi despojado da couraça vegetal que me envolveu num primeiro alívio, em seguida, fui surpreendido por duas ameaças obstinadas: dois recuperados pelo AA, que de alguma forma descobriu nossos planos, e ainda, uma estupradora. Como?! Justo, uma estupradora. Idosa, mas deveras sedenta. Lutei com todas as minhas forças. E como numa insurreição européia, venci. Adentrei a metálica estrutura empresarial, e tomei o controle de suas funções primordiais. Agora, Utilizar-me-ei de tamanha opulência tecnológica para dar, apenas, e tão somente, uma mensagem: Aos dignos cidadãos que receberam minha convocação por e-mail, lembrem-se, a missão é iminente. Preciso de ajuda para constituir matriz cultural etílica, antes que nos desvairemos em busca da mágica conversão oceânica. Eu quero suas memórias. Apresentem as armas, soldados!
Lei Saco? Putz! Que Seca!
Aos meus gentis companheiros de jornada, venho, humildemente, pedir-lhes o favor de não desperdiçarem novecentos reais e algumas rolhas, ou cortiças, como queiram, com o resplandescente Estado de Santa Catarina. Bem, não que eu o admire, todavia, as garras institucionalmente perversas e hipócritas deste camarada, acima mencionado, são contundentes e vorazes. Em suas maléficas masmorras, quartéis e repartições, existem criaturas espectrais a refletir sobre a sucção diária que afeta nossos flagelados bolsos. E digo mais: eles metem a mão lá no fundo! Ui! Não pensem que as boas novas contagiam-me, pelo contrário, sinto-me acorrentado e entediado. Afinal, não mais será possível executar manobras neozelandesas ao volante, tão pouco, ver sangue jorrando de uma perna agourenta, a esmigalhar-se contra ferro: frio e cortante. Deixando de lado este tipo de frustração, tudo o que tenho a dizer, por fim, é que o razoável montante destinado aos cofres públicos podem render uma inestimável noite de promiscuidades e extravagâncias. Cautela, rapazes. Cautela.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
15 fatias de Moderação...
Contraditório. No mínimo, contraditório. No que seria minha primeira missão em busca de subsídios efêmeros para dar continuidade ao meu glorioso projeto, e já contando com a ajuda sobrenatural de dois antigos, porém inveterados espíritos beberrões, eu fracassarei. Claro, pois neste momento ainda estou aqui a comunicá-los sobre o virtual fato, e dessa forma, ainda não fracassei, certo?. Nesta noite lúgubre que ainda está por vir, eu não participarei de um ritual Liverpooliano cuja aplicação seria vital para o andamento de nossa sina: transformar os oceanos, em álcool! Ausentar-me-ei por motivos de forças germânicas maiores. Como? Simples: minha infante namorada vive num reduto nórdico próximo daqui, um lugar regido por valores e vigores que vão além de minha compreensão. Logo, peço desculpas aos que, em prantos, rezam pelo dia em que o mundo não mais sofrerá com a falta de água. Certamente, pois a transformaremos em álcool, lembram? Lá, terei de passar por um teste de fogo, talvez seja a prova que Dionísio precisa para abençoar nossa jornada. Enfim, vou a um rodízio, e agrada-me a idéia. No entanto, serão sofridos momentos de abstinência. Desejem-me boa sorte. Bjos.
quinta-feira, 26 de junho de 2008
7 anos na Vigoreli
Eis que da lama, retorno. O exílio foi a única opção para que eu pudesse me livrar das moscas cretinas que continuavam a me contar piadas sobre a indúsria dos cosméticos. Alguma coisa sobre intestinos de ovelhas em esmaltes da Xuxa, não lembro ao certo...
Aos meus carnavalescos leitores, - e não adianta se esconderem sob a capa da ausência, pois sei que vocês existem - uma explicação:
Parei de escrever, abruptamente, pois além das intempéries do destino bipolar que nos aflige, eu precisei retificar minha alma e meus anseios sobre o fim do planeta e a escassez de água. No caminho para a Xangrilá joinvillense, destino intrépido de minha fuga, fui abordado por três Dromedários Jesuítas que profetizaram sobre os dias vindouros. Temi, mais por mim, do que pelos Dromedários. Foi então que senti uma pontada, juro. Do lado direito, sob as costelas. Meu fígado, sábio como sempre, relatou-me através de impulsos psicossomáticos de natureza elicoidal, a grande verdade que irá livrar o mundo da tristeza, e ele foi bem enfático, eu diria, um entusista em seu relato. A verdade? O Álcool. Nossa meta é descobrir uma maneira de construir uma máquina, ou de criar uma substância incomensurável capaz de promover a transformação dos oceanos, em cachaça, a grosso modo, e desprezando toda e qualquer preferência, é lógico.
É com essa idéia fixa que retorno de meu exílio discrepante e colossal, onde tive de enfrentar uma poderosa organização símia, composta por três babuínos libaneses que pretendiam transformar a vigoreli numa grande reserva da biodiversidade para uso da população, e eu, os impedi.
Agora venho pedir que me ajudem a construir essa nova ideologia e disseminá-la entre as pessoas, e me ajudem com os relatos que, ao menos, lembrarem. Bjos.