quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Amor sem fronteiras

O trotar enigmático de Adalberto quase entregava as suas intenções. Por entre as vielas escuras e úmidas de Saint Tobias, maior cidade de Nova Australiana, ele seguia. Seu sobretudo o cobria totalmente, ocultando a ereção incontrolável que transformava o seu modesto pênis em um estupendo trovejo sexual, enérgico e estuporante. Ao longe, avistou a sua presa.




A pequena e cálida Melanie, que zanzava pelas ruas em seus devaneios lúdicos, seguia com inocência, contando o número de luzes nos poucos e esparsos postes. Divertia-se encantadoramente; seu sorriso solitário o era apenas fisicamente - estava acompanhada por seus amigos imaginários, que muitas vezes se confundiam à realidade chuvosa e cinzenta.

- Christopher, olhe ali! Aquela lâmpada pisca feito um vagalume! - disse ela ao rapaz loiro de vinte e tantos anos que estava ao seu lado (pelo menos para ela)

O rapaz olhou para cima e sorriu um sorriso contido, que sequer denotava felicidade. Melanie correu e deu voltas em torno do poste, sentindo a chuva suja cair em sua testa, a mão segurando o cilindro negro e coberto por gotas. Dava risadinhas suaves e por demais femininas.



Adalberto a avistou. Sabia da condição de Melanie, sabia de seus lapsos quase oníricos mesmo quando acordada. E se aproveitaria disso, sem pena alguma. Tirou de seu bolso um excêntrico chapéu de palhaço, contendo duas antenas e um nariz avermelhado, e o colocou em sua cabeça. Trotou sem ser cordial: "vou te transformar numa trepadeira, sua vagabunda lacrada do caralho", pensou. Silenciosamente se pôs atrás dela, que agora vislumbrava o leve tocar de seus frágeis dedos em uma poça d'água imunda. Para ela, as bitucas de cigarro que ali estavam eram como ilhas em meio a um oceano negro; a moeda submersa era um navio naufragado e o chiclete mastigado um iceberg encantador.



- Olá, amiguinha! - disse o homem com uma voz proposital e comicamente desafinada. Forçava um sorriso tolo; suas bochechas se forçavam para cima, criando uma figura que oscilava entre o amedrontador e o engraçado. Melanie abriu um sorriso, acreditando ser Adalberto um de seus novos amigos. O rapaz loiro agora se esvaíra.

- Olá! - os cabelos loiros iluminavam o lugar, mais até que os moribundos postes daquela vizinhança esquecida.

- Sou o seu novo companheiro! Posso brincar com você?

Ela sequer dava importância às rugas, aos escassos e ralos cabelos brancos ou ao óculos fundo de garrafa dele. Apenas sorriu e balançou a sua cabeça positivamente.

- Você sabia que eu sou um esconderijo? - continuou ele.

- Esconderijo? Como assim?

- É! Eu sou como o porão de uma casa antiga. Se você passar pela minha porta, poderá descer as minhas escadas e encontrar um monte de brinquedos legais.

- Nossa, que bacana!

- Você quer conhecer os meus brinquedos?

- Quero sim!

- Mas tem um problema: a minha porta não se abre debaixo de postes. Vamos ali debaixo daquele toldo - e apontou com a cabeça para um canto envolto pelo breu, onde os postes jamais alcançariam.



Uma vez lá, ele pediu para Melanie fechar seus olhos, ordem imediatamente acatada. Adalberto abriu o seu sobretudo - nada havia debaixo dele, a não ser a sua vergalha venosa urrando de tesão. Sua benga, seu caralho, jeba, trombote, picarelho, estrovenga, jiromba, ensandecida pelo fulgor macio de sua por-vir-amante. Envolveu-a, cobrindo-a com sua vestimenta, como se fosse uma cabana. Lá estava ela, próxima de seu pau atroz e esfomeado. Ela riu aquelas risadinhas que apenas as inocentes possuem, sem saber o que estava acontecendo. Ele ordenou, guiando-a com sua mão:

- Para descer as escadas é preciso lamber o pirulito.

Ela seguiu as instruções, envolvendo o pênis de seu amigo com as mãos e então pousando sua pura língua no órgão sujo. Ao cobri-lo com sua boca, Melanie sentiu-o atingir a garganta com violência. Adalberto a segurava pela cabeça, forçando o seu sexo na boca da garota. Ela engasgava. Ela chorava. Ele se deleitava, secretamente torcendo para que ela o mordesse e o fizesse sangrar, o que não aconteceu. Sufocou-a com tesão, a porra toda na garganta de Melanie, já azul e inanimada.



Guardou-a em um latão de lixo próximo. Voltou no dia seguinte e a desvirginou, sem nem se importar com os ratos que trotavam ao seu redor.

Um comentário:

Fátima Moser disse...

ei tu é aquele cara que escreveu Cultivados né?