quinta-feira, 17 de julho de 2008

Discrepâncias ideológicas e secreções matinais.

Não ouço, não sinto, não cheiro.
Apenas vomito. Vomito e vomito.

O cheiro da comida misturada com secreções estomacais me excita.
A cada anseio, uma ereção. Uma nova forma de gozar.

E o gozo com o vômito, como seria?
Ingerir talvez seja uma boa idéia. O odor peculiar do sêmem junto com o do vômito deve ser abismal de tão delicioso. Estupefante.

Faço isso. Adoro. Sensações únicas, provenientes do meu próprio espírito.

Como não tive tal idéia antes? Eu, em meus quarenta anos, descobri que nunca vivi.
Minha vida começa agora. A bebedeira, o esperma, o vômito.

Agraciado ficarei pelos próximos decêmios.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Desvios de conduta.


A perspicácia de um ser ébrio é de uma particularidade ímpar. Nos momentos influenciados pelo líquido dos deuses, a criatura que em outras situações se mostra introvertida e digna de esquecimento social consegue atingir níveis estratosféricos de percepção e destaque. Como uma bela borboleta anil e preta, o sujeito alcoolizado atrai olhares dos espectadores, sejam de admiração ou incredulidade. Comportamentos inapropriados podem fazer parte do pacote alcoólico, mas isto é algo que varia de pessoa para pessoa e também depende do teor destrutivo do produto ingerido. "Todo homem vira porco quando bebe", dizem as horrorizadas garotas que se vêem em maus lençóis quando abordadas por boêmios gatunos, que visam apenas o descompromisso carnal e leviano com as pobres donzelas. O fato é que o ser humano, em especial o homem, fica mais suscetível a inconsequências desapropriadas, causando embaraço a muitos.

Deveria haver um pacto entre a humanidade: relevar certas atitudes quando sob o efeito da nossa querida cachaça. Xingou o amor de sua vida de meretriz ao vê-la nos braços de alguém visivelmente melhor que você? Externalizou dejetos alimentícios que há pouco se encontravam em seu aparelho digestivo bem no carpete do carro de seu compatriota? Perdeu o passaporte daquele seu familiar que vai viajar dentro de três horas? Em uma sociedade ideal as pessoas deveriam olhar para você e esboçar um sorriso, seguido das palavras: "não se preocupe, fulano. Você estava bêbado. Relevarei o acontecido com compaixão. Vamos tomar uma cerveja?" Mas não. O escárnio é evidente no semblante dos atingidos pelas peripécias etílicas de outrem. A não compreensão das atitudes ébrias leva os alcoolicistas - neologismo neologizado por mim neste exato momento para definir os praticantes da bebedeira casual, mas que não se enquadram como "alcoólatras" - a sentirem um fenônemo desconfortável, cuja cura pode ser dolorosa, dependendo do caso em questão: a ressaca moral. Muito mais efetiva do que a ressaca física, a dor da perda de controle pode perdurar por semanas. Mas eu não creio que isto seja culpa do alcoolicista e sim da população sóbria. Só que isto é assunto a ser discorrido com mais afinco em outra oportunidade.

Outro fator, que é certamente um dos mais interessantes na birita, é o índice George Clooney. Após alguns copos ou doses, even the most shy guy in the world can manage to talk and maybe seduce women. It's amazing how different things can be after a shot of Jägermeister or tequila. O que antes aparentava ser uma jornada tão árdua quanto destruir o Um Anel nos vulcões de Mordor, now it's easy as crossing the shire. By car. As barreiras invisíveis que nos impedem de colocar em ação a caça desenfreada de tigresas noturnas são demolidas de forma espetacular e, quiçá, histórica. O muro de Berlim nada significa perto de momentos como estes. As palavras fluem como nunca e a inibição acumulada a anos some como o Yoda durante a sua morte, nO Retorno de Jedi. Caso o emissor da mensagem em questão tenha o bom senso de não proferir termos inapropriados, ele já pode se considerar como uma versão beta do nosso camarada Clooney. É partir para o abate. Mas claro que a moderação é essencial. Não digo que o sujeito deva se restringir feito uma boneca virgem, mas o uso exacerbado e descontrolado do álcool pode dar uma bela dor de cabeça no dia seguinte, só que muito pior que a ressaca física e moral. Né, camarada da imagem abaixo?

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Memoirs of a drunk.


Adentrou o recinto sem pestanejar. Tirou o pesado casaco de pele de carneiro, oriundo de algum lugar interiorano da Europa. Jogou-o em seu encosto de carvalho, raríssimo por aquelas bandas. A sala de estar se encontrava escura e com odores típicos de abandono. O breu tomava conta não apenas da locação mas também do espírito do pobre homem, machucado pelo tempo e por suas inconsequências. Buscou o mais antigo dos vinhos a seu alcance, dirigiu-se até a prateleira e retirou um exemplar de "Civilizações de outrora XIV - As nuances do Império Romano", de Bartholomeu Dias. Abriu em uma página aleatória e se deparou com uma passagem intrigante e, porque não, instigante. "Para celebrar suas vitórias e afugentar maus pensamentos, os guerreiros, como em rituais mais antigos que suas próprias existências, esbaldavam-se em rios de vinhos e outras bebidas, praticando as mais execráveis atitudes."

Lembrou-se de casa. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto gélido e imperfeito. Os bons tempos haviam se esvaído e nada existia além de lembranças superficiais. Seus melhores momentos eram esquecidos no dia seguinte, consequência das doses colossais de líquidos etílicos ingeridos. Em sua mente estava o dia em que fez oferendas a Baco em frente a toda a sociedade noturna de seu distrito. O consumismo exacerbado da época permitia encontrar litros e mais litros do doce suco dionisiano a cada esquina e a preços módicos. O rapaz e seu companheiro de aventuras não hesitaram em adquirir algumas unidades do mel infernal. Regozijaram como nunca haviam regozijado antes. A incontrolável loucura era a consequência da inconsequência, e após poucos minutos estavam fora de si. Degustando do bom e barato vinho, lá estavam eles, confabulando em uma ruela próxima de um centro festivo - este repleto de transeuntes dos mais belos, exibindo com ostentação suas belas vestimentas e posses veiculares -, onde sentados em um meio fio, bradavam canções típicas de seu tempo, assim como fizeram os trovadores em tempos passados. A canção entoada dizia algo mais ou menos assim:

"Você é meu amor,
te quero de novo.
Te ensino a fricotar
fricote do povo.
Eu vou te lambuzar
de água de côco.
Com bumba di bum bum (?)
fricote do povo."


E após muito rirem e se libertarem das correntes cruéis do cotidiano, se dirigiram à supracitada festividade. Eram dois gallimimus em meio a tantos predadores sedentos por feromônio. Dois inexpressivos etilizados no meio dos elitizados. A falta de comportamento senil de ambos era evidente e causava asco aos cheirosinhos frequentadores da casa noturna cujo nome representa o esplendor residencial desejado por muitos. A Mansão em questão naquela noite foi palco de atrocidades inexplicáveis como por exemplo a simulação de uma batalha intergalática de espadas e até confrontos corpo a corpo com cidadãos anglo-saxões. Ao fim da noite vidas quase foram perdidas e o que havia restado era a alegria de se viver e uma bela ressaca.

E o rapaz secou a lágrima e esboçou um leve sorriso com o canto da boca. Fechou o livro, terminou o seu vinho em dois goles, vestiu o seu casaco e saiu pela neve, com a expectativa de voltar para o seu lar o quanto antes, e assim dar continuidade às suas epopéias etílicas. Assim o fez.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Atenção, Pelotão: apresentar Copos!


Não foi, em momento algum, uma tarefa simples. Invadir os portões das indescritíveis fortalezas responsáveis por transmitir ondas saturadas de conteúdo audiovisual banal. E é no gozo de minha vitória que venho invadir sua cognição, e tentar, pois, seduzi-los.
No início foram apenas alguns arames farpados, no entanto, após subjugar as primeiras barreiras físicas que se entrepunham face ao meu destino, tive pavor. Os canhões de luzes me perseguiram implacavelmente, não obstante, disfarcei-me de leguminosa. De imediato, confundi os sentidos cibernéticos e pulsantes daquela grandiosa estrutura maquiavélica, cujo fundamental objetivo é a inércia civil. A retaliação, entretanto, foi esmagadora. Num instante, me vi despojado da couraça vegetal que me envolveu num primeiro alívio, em seguida, fui surpreendido por duas ameaças obstinadas: dois recuperados pelo AA, que de alguma forma descobriu nossos planos, e ainda, uma estupradora. Como?! Justo, uma estupradora. Idosa, mas deveras sedenta. Lutei com todas as minhas forças. E como numa insurreição européia, venci. Adentrei a metálica estrutura empresarial, e tomei o controle de suas funções primordiais. Agora, Utilizar-me-ei de tamanha opulência tecnológica para dar, apenas, e tão somente, uma mensagem: Aos dignos cidadãos que receberam minha convocação por e-mail, lembrem-se, a missão é iminente. Preciso de ajuda para constituir matriz cultural etílica, antes que nos desvairemos em busca da mágica conversão oceânica. Eu quero suas memórias. Apresentem as armas, soldados!

Lei Saco? Putz! Que Seca!


Aos meus gentis companheiros de jornada, venho, humildemente, pedir-lhes o favor de não desperdiçarem novecentos reais e algumas rolhas, ou cortiças, como queiram, com o resplandescente Estado de Santa Catarina. Bem, não que eu o admire, todavia, as garras institucionalmente perversas e hipócritas deste camarada, acima mencionado, são contundentes e vorazes. Em suas maléficas masmorras, quartéis e repartições, existem criaturas espectrais a refletir sobre a sucção diária que afeta nossos flagelados bolsos. E digo mais: eles metem a mão lá no fundo! Ui! Não pensem que as boas novas contagiam-me, pelo contrário, sinto-me acorrentado e entediado. Afinal, não mais será possível executar manobras neozelandesas ao volante, tão pouco, ver sangue jorrando de uma perna agourenta, a esmigalhar-se contra ferro: frio e cortante. Deixando de lado este tipo de frustração, tudo o que tenho a dizer, por fim, é que o razoável montante destinado aos cofres públicos podem render uma inestimável noite de promiscuidades e extravagâncias. Cautela, rapazes. Cautela.